Naquele dia, a turma estava extremamente agitada, envolvida em uma grande discussão a respeito da riqueza e da pobreza. O professor, sempre moderado, procurava uma maneira de destacar aos seus alunos os valores espirituais. A maioria queria vencer na vida para ser feliz, entendendo que “vencer na vida” é ter muito dinheiro, prestígio, poder para adquirir tudo o que quiser e satisfazer todos os desejos. Alguns poucos defendiam que a felicidade não estava nas coisas materiais, mas na aquisição das virtudes espirituais.
Quando a discussão estava muito acalorada, alguém resolveu envolver o professor na contenda. Calmamente, o mestre fez outra pergunta:
- Quem vocês acham que está mais próximo da felicidade: o rico ou o pobre?
A maioria dos jovens, conhecendo a maneira do educador pensar, respondeu achando que a resposta que ele queria ouvir era esta:
- O pobre, porque nas dificuldades ele poderá trabalhar as virtudes morais.
Para surpresa de todos, o professor respondeu:
- Vocês estão enganados, é o rico.
Houve tumulto. Como pode, alguém que sempre valorizou as qualidades espirituais, raciocinar dessa maneira?
Após todos ficarem mais calmos, o educador completou:
- O rico está mais próximo da felicidade, exatamente por já possuir as facilidades materiais e saber que não é aí que ela se encontra. Já está com meio caminho andado, ou seja, sabe que não é a riqueza que o fará feliz. Talvez os outros ainda corram atrás do dinheiro que não tem, buscando na fortuna a felicidade onde ela não está. Na verdade, continuou o mestre, a felicidade não se encontra nem na riqueza, nem na pobreza, mas na busca da melhoria íntima, da reforma moral, na compaixão, na prática do bem e da caridade, enfim, na conquista da consciência tranqüila e, evidentemente, nenhum desses fatores está ligado à nossa situação econômica.